Trabalhos de Conclusão de Curso defendidos na Graduação em História
2019
Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas-PNGATI, decreto 7.447 de 05 de julho de 2012: uma territorialização estatal?
Ricardo de Mattos Martins Cunha
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar o Decreto 7.447 de 05 de junho de 2012, que instituiu a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas-PNGATI, lei esta reconhecida pelo conteúdo cidadão, que incentiva a organização da sociedade em fóruns locais e regionais de participação política e permeada por objetivos sustentáveis. Apesar do conteúdo participativo e sustentável que apontam para a inclusão da diversidade de soluções culturais e locais para a questão da reprodução física e cultural dos povos indígenas no Brasil, percebe-se também em suas concepções, ideários e objetivos, formas e conteúdos que favorecem ao modelo dominante da cultura do Estado e que esta característica acaba por promover a manutenção de conteúdos integracionistas e assimilacionistas que foram características marcantes da política indigenista do período republicano que se encerrou com a Constituição Federal de 1988.
2019
Diminui a araucária a saúde enfraquece: O intervencionismo de Estado na Terra Indígena Xapecó/SC
Bruna Gama Gavério
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A Terra Indígena Xapecó/SC é habitada majoritariamente pelo povo Kaingang, tendo também uma aldeia Guarani. Localiza na região oeste do estado de Santa Catarina, entre os municípios de Ipuaçu e Entre Rios. A referida região passou por intensas modificações econômicas e ecológicas, que se intensificaram a partir do século XIX quando ocorreu o contato entre os indígenas e os colonos que chegaram à região. Devido à abundância de recursos naturais que o território histórico dos Kaingang possui, principalmente as matas de Araucárias, despertou o interesse econômico de muitos, ocasionando no decorrer dos anos acentuadas explorações de recursos naturais, resultando no esgotamento da fauna e da flora local. A diminuição da coleta do pinhão, por exemplo, que “era umas das práticas fundamentais dos Kaingang”, pois a concentração nutricional é significativa e necessária nas épocas mais frias. Em consequência dessa falta nutricional que esse alimento fornece, começou de forma gradual uma ocidentalização da alimentação procurada como alternativas de consumo alimentício. Isso passa a afetar diretamente na saúde e na configuração dos corpos do povo Kaingang, pois houve uma diminuição da área para procura dos “remédios e comidas do mato”. Com base na construção dos corpos para os Kaingang e como essa noção perpassa as questões da saúde indígena através de uma análise da maneira como se dá a percepção do território e a territorialidade para esse povo é intrinsecamente ligada à sua cosmovisão de mundo. Mesmo com o forte intervencionismo de Estado, por meio de órgãos específicos como o Serviço de Proteção aos Índios, as relações entre o modo de ser Kaingang e a terra continuam com laços estreitos na vivência e práticas culturais cotidianas.
2017
Adoradores de João Maria entre os Kaingang: o sincretismo com as tradições indígenas e os locais sagrados na Terra Indígena Xapecó/SC
Nathan Marcos Buba
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar o processo de sincretismo religioso entre as práticas em nome do monge João Maria e as práticas tradicionais dos Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC. A análise desse fenômeno consiste em relatar como os indígenas que habitam a mencionada Terra Indígena mantém a cosmologia Kaingang, mas ao mesmo tempo trazem consigo a religiosidade em João Maria. A pesquisa constata que a crença no monge do Contestado é mais difundida por meio dos especialistas de cura Kaingang, são eles, o Kujá e o benzedor. Estes utilizam João Maria como guia espiritual, como auxiliar nos seus processos de cura. Entretanto, o estudo enfatiza que João Maria também é interpretado dentro da Terra Indígena Xapecó de outras formas, como profeta, santo, benzedor, e até mesmo como alguém sem qualquer poder, como afirma alguns pastores evangélicos. Outro item mencionado são os lugares onde as práticas em nome de João Maria acontecem dentro da T.I. Xapecó, sendo verificado principalmente em três pontos: a) nas denominadas águas santas de João Maria; b) no interior das habitações Kaingang; c) na festa em homenagem a João Maria que é realizada no dia 15 de setembro. O estudo também mostra que os praticantes da religiosidade em João Maria no interior da T.I. Xapecó estão em decréscimo, sendo apontados a má preservação da mata e o intensivo aumento das Igrejas Evangélicas como responsável por tal ponto. As fontes utilizadas para a pesquisa são as obras que mencionam a temática indígena e a temática da Guerra do Contestado e seus desdobramentos, os relatos de viajantes e etnógrafos que passaram pela região da pesquisa nos séculos XVIII e XIX, e instrumentos realizados pelo LABHIN – Laboratório de História Indígena da UFSC, mas principalmente por meio da metodologia da história oral.
2014
A LUTA INDÍGENA PELA TERRA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: um estudo etnohistórico de uma ocupação Kaingáng em Fraiburgo – SC (2009)
Rafael Benassi dos Santos
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: Esta pesquisa tem o objetivo de analisar, usando-se da perspectiva etnohistórica, uma ocupação promovida por um grupo Kaingáng, na cidade de Fraiburgo – SC em 2009. Na fazenda ocupada pelos indígenas encontram-se remanescentes da mata de araucárias e sítios arqueológicos usados como justificativa ao seu direito aquele território. Enfoca-se aspectos concernentes a importância da terra para as populações indígenas na contemporaneidade, e qual a relação que esta mantém com a afirmação da identidade étnica do grupo. Através de uma análise que contempla distintos períodos da história do Brasil, busca-se subsídios que fundamentam a vinculação deste acontecimento através de memórias compartilhadas pela oralidade, à um contexto de retomada de territórios iniciado na década de 1970. O movimento indígena organizado em meio a um regime de restrição de direitos fundamentais aos cidadãos, durante a Ditadura Civil-Militar brasileira, tem continuidade mesmo após a redemocratização e a garantia de direitos fundamentais as populações indígenas estabelecido na Constituição de 1988. A pesquisa revela como a memória tem importância relevante nesse processo, transmitindo de geração para geração conhecimentos passados que legitimam a luta do presente. Também, revela nuances da luta pelo reconhecimento da cidadania que passa pela própria afirmação da identidade étnica Kaingáng. Usa-se uma entrevista realizada com as principais lideranças do movimento, documentos e relatórios produzidos por diversos personagens envolvidos no caso, e bibliografia pertinente ao tema.
2011
Trançados e Pinturas: o artesanato Kaingáng na Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkrê / Terra Indígena Xapecó, SC (1988-2011)
Luana Máyra da Silva
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: O povo indígena Kaingáng atualmente é um dos três maiores grupos indígenas do Brasil, com aproximadamente 33 mil pessoas ocupando Terras Indígenas. Após algumas Constituições Federais Brasileiras que não contemplavam os direitos indígenas, a Constituição Federal do Brasil de 1988, traz artigos que tentam dar conta das necessidades e particularidades desse povo indígena (como o de outros povos também), com culturas e tradições diferentes. Um desses artigos contempla o direito ao ensino diferenciado nas escolas indígenas, a utilização do ensino da língua materna e de seus valores culturais. Localizada na Terra Indígena Xapecó, a Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkrê, insere em sua vivência a cultura material, através do artesanato. Esse elemento faz parte desses valores culturais e tradições, contemplados na Constituição Federal. Tradições, que podem ser vistas como um fator de identidade, pois cada povo tem suas peculiaridades e especificidades quanto a este assunto, como o modo de trançar a matéria prima, as cores utilizadas e até o destino que é ou era dado a esses artesanatos.
2011
Bola na rede: Futebol e lazer entre os Kaingáng da Terra Indígena Xapecó/SC
Jeniffer Caroline da Silva
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A partir de um contexto cultural, a presente pesquisa aborda as temáticas de lazer e futebol entre o povo Kaingáng, residente na Terra Indígena Xapecó (SC). A intenção desta pesquisa é investigar quais práticas de lazer estão presentes no cotidiano dos indígenas e como é a relação entre este povo e o futebol. São discutidos ao longo da pesquisa alguns conceitos importantes na compreensão deste estudo, entre eles: as definições de cultura, identidade, etnia e lazer. Para o desenvolvimento deste estudo, foi utilizada a metodologia da História Oral, análise de pesquisa qualitativa, documentos oficiais e uma série de estudos prévios acerca da população Kaingáng.
2010
Os aspectos do contato entre os navegadores da Coroa Espanhola e os Guarani “Carijó” na Ilha de Santa Catarina (1516-1552)
Gabriel Zambenedetti Colombi
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: O trabalho em questão visa a realização de um estudo acerca dos contatos entre os navegadores à serviço da coroa espanhola e os indígenas chamados de Carijó na região da Ilha de Santa Catarina na primeira metade do século XVI. Tendo uma abordagem prioritariamente descritiva, baseada nos relatos dos navegadores da época, bibliografia sobre o assunto, tanto antiga como de estudos mais recentes para poder construir uma base para as conclusões. O objetivo também é descrever de forma clara o processo que desencadeou a conquista do Atlântico Sul e o processo de ocupação espanhola na América. Uma análise da sociedade Carijó neste espaço/tempo, da conjuntura européia que propiciou as grandes navegações e do contato e relação entre estas duas culturas, visando um entendimento da ocupação européia na região Sul da América do Sul e o impacto que este contato trouxe à sociedade indígena da Região. Documentos espanhóis são utilizados, considerando-os como um discurso voltado para a opinião européia da época e com certo jogo de interesse na maneira que foram escritos.
2007
A importância da língua Kaingáng na educação escolar indígena: proibição e retomada
Talita Daniel Salvaro
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A pesquisa, A importância da Língua Kaingang na Educação Escolar Indígena: Proibição e retomada, apresenta rapidamente quem são os Kaingang e a sua língua. A partir disso relaciona a política de integração nacional com a ideologia do SPI, mostrando a função da escola nesse período. Trazendo para a atualidade, relaciona o que diz a Legislação brasileira acerca das Línguas Indígenas e a importância da retomada da língua como fator de identidade na escola indígena.
2005
Terras e Indígenas em Santa Catarina: Parâmetros do século XIX (1850-1890)
Jackson Alexsandro Peres
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A pesquisa, Indígenas e terras em Santa Catarina: parâmetros do século XIX (1850-1890), faz uma breve contextualização da chegada de Cabral ao Brasil até a Constituição de 1988, onde procura mostrar a relação do indígena e nós. Relaciona o sujeito histórico a ser estudado, o povo Xokleng, e apresenta o processo de apropriação de terras indígenas com o ressalvo da Lei de Terras.
2004
Permanência e Transformações nos Papéis das Mulheres na Sociedade Kaingáng: Terra Indígena Xapecó
Andréia Pacheco
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A pesquisa, Permanências e Transformações nos papéis das mulheres na sociedade Kaingang: Terra Indígena Xapecó, procura relacionar a história Kaingang a partir do contato perpassando o histórico da Terra Indígena Xapecó e os aspectos gerais da Cultura Kaingang. Assim relacionando as permanências e transformações ocorridas nos papéis das mulheres no nascimento, casamento, adultério, saúde, trabalho, política e no religioso.
2004
Educação para Jovens e Adultos Indígenas: Fortalecimento e Transformações na Cultura Kaingáng
Augusto César da Silva
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A pesquisa, Educação para Jovens e Adultos Indígenas: Fortalecimento e transformações na cultura Kaingang, busca relacionar os processos de luta do povo Kaingang e os processos de educação aos quais foram submetidos, nos períodos do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e na Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Relacionando a legislação para Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Legislação para Educação Indígena e a experiência do EJA na Terra Indígena Xapecó.
2003
A Voz da Terra: Aproximações e Afastamentos entre a Legislação indigenista e os anseios indígenas
Marcos Antônio da Silva
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: Em linhas gerais, este trabalho se propõe em um primeiro momento a analisar o entendimento e a função da terra contida na Constituição Federal de 1988, e posteriormente contrastá-lo com o que pensam os Kaingáng do Toldo Chimbangue (Chapecó – Santa Catarina), de sorte que, nos seja possível identificar em que medida os anseios indígenas encontram-se comtemplados no texto constitucional. Esta pesquisa compreenderá um período de cento e trinta e oito anos, sendo que nosso foco principal localizar-se-á entre 1985 e 1988, data da demarcação da Terra Indígena Toldo Chimbangue e da promulgação da Constituição Federal respectivamente. A razão pela qual realizamos o recuo tão distante do foco central do nosso estudo encontra-se justificado na possibilidade que este procedimento nos dá para percebemos como a compreensão acerca da terra modifica-se com o passar dos anos, além de situarmos a formação do desenvolvimento do Toldo Chimbangue. Tentaremos visualizar como o desenvolvimento econômico do Brasil meridional imprimiu sua marca na compreensão da terra, e qual as consequências para a comunidade indígena do Chimbangue.
2002
Entre Pontas de Flechas e Botoques: Um Olhar sobre os Xokléng
Edna Elza Vieira
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: O propósito desta pesquisa é analisar o cotidiano dos Xokleng enfocando sua cultura material, adornos e objetos ritualísticos (botoques, colares, perfurador de lábios, cintos cerimoniais, maracá, entre outros), objetos de uso doméstico e de trabalho (pilões e mão de pilão; cestarias, cerâmica e as armas). Buscamos perceber o simbolismo empregado pela cultura tradicional e o significado desses objetos para o grupo após o contato mais intenso. A análise da cultura material do grupo se deu através de estudos realizados e publicados por: Jules Henry, Alfred Metraux, Silvio Coelho dos Santos e Rodrigo Lavina. Objetivamos também apontar algumas mudanças visíveis nessa cultura material ocorridas após o contato com os colonos europeus e nacionais.
2002
Educação Kaingáng: Um Veículo para a Autonomia
Gisele Nara de Lima da Silva
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: O tema deste trabalho é a Educação Kaingáng – Um veículo para autonomia. O objeto deste estudo esta centralizado na Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre, situada dentro da Terra Indígena Xapecó, localizada no Oeste de Santa Catarina, entre os municípios Ipuaçu e Entre Rios. O período que abrange este estudo é de 1987 a 1997, para compreender a implantação da educação formal entre os povos indígenas anterior a Constituição Federal promulgada em 1988, bem como, a implantação do ensino intercultural e diferenciado paras as comunidades indígenas. O objetivo estabelecido para este estudo é de analisar quais alternativas construídas através da implantação da educação formal, verificar como ocorreu o processo de introdução dessa escola,e as leis que as dão suporte, compreender as metodologias utilizadas por estes profissionais e verificar a importância da implantação do currículo diferenciado e intercultural no processo de fortalecimento da cultura Kaingáng.
2001
A Ilha de Santa Catarina e os Indígenas: Impressões através de Relatos de Viajantes
Marcos Roberto Pereira
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: Este trabalho parte na perspectiva de analisar as impressoes que os viajantes tiveram sobre a Ilha de Santa Catarina e seus habitantes, buscando compreender de que forma se deu o contato de culturas diferentes. A nossa principal fonte em análise são os relatos de viajantes estrangeiros que estiveram aqui, na Ilha de Santa Catarina nos séculos XVIII e XIX e nestes relatos observamos como eram vistos os habitantes, o lugar e sobretudo, o olhar sobre o indígena. Para compor nosso suporte documentário iremos recorrer a estudos de historiadores catarinenses, em especial os contemporâneos.
2000
Nas Tramas da Lei: A Ambigüidade Histórica do Estado perante o Índio
Waldenice Fábia Mello Pagliarini
Orientadora: Ana Lúcia Vulfe Nötzold
Resumo: A pesquisa, Nas tramas da Lei: A ambigüidade histórica do Estado perante o “índio”, apresenta o caminho da política indigenista brasileira, do Brasil Colônia a Constituição de 1988. Ainda discute a Legislação indigenista vigente, passando pelo Estatuto do Índio e a Constituição de 1988, apresentando a relação do Indígena e o direito brasileiro, no Código Penal, Código Civil e suas representações no Sistema Judiciário.